Preço da carne bovina dispara e leva alta também nos custos do frango
Inflação das proteínas interrompe queda de 18 meses e volta a pressionar o bolso do consumidor, impulsionada por exportações e clima adverso.
Após 18 meses de alívio, os preços das carnes no Brasil registraram alta em setembro e outubro, liderados pela carne bovina. Segundo o IBGE, cortes populares como patinho (+11,5%), acém (+10%) e contrafilé (+9%) sofreram os maiores aumentos. Nos últimos 12 meses, a inflação do setor alcançou 8%.
A principal causa é o aumento das exportações de carne bovina, que passaram de 25% para 40% da produção entre 2020 e 2024, reduzindo a oferta interna. Analistas apontam que a arroba pode alcançar R$ 340,00 nos próximos meses, refletindo diretamente no preço ao consumidor.
A alta da carne bovina tem impactado também o mercado de frango. Dados do Cepea mostram que os preços do frango subiram pelo terceiro mês consecutivo, devido à migração de consumidores em busca de alternativas mais baratas. No atacado e no mercado de aves vivas, os preços seguem aquecidos.
Fatores climáticos também influenciam. A seca severa e queimadas reduziram a produção de pastagens, limitando o volume de gado gordo para abate. Como alternativa, pecuaristas evitam o confinamento devido aos custos elevados, agravando a escassez.
Outro elemento é o ciclo pecuário, que vive uma inversão: menos abates de fêmeas devem levar a uma menor produção futura. Estima-se que o preço da carne bovina continue subindo até 2026, devido ao tempo necessário para recomposição do rebanho.
No mercado externo, a alta demanda por carne brasileira é impulsionada pela redução da oferta em grandes produtores como EUA e Austrália. Em outubro, o Brasil exportou 301.166 toneladas de carne, recorde histórico para o mês, segundo a Abiec.
Internamente, fatores como renda maior, menor desemprego e valorização de benefícios sociais têm impulsionado o consumo de carnes, especialmente com o pagamento do 13º salário e festas de final de ano. Esses elementos mantêm a pressão sobre os preços, que seguem em alta no curto prazo.
Samir Cesar / Tanabi Noticias
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